Arquivo mensal: novembro 2011

Não é vingança, juro!

Não é por vingança, nem por amor. Acontece que a vida cobrou, e cobrou pesado, e eu tive que me defender. Às vezes, a melhor defesa é a fuga, para depois voltar com poder de fogo redobrado. Mulheres se defendem assim, bebê. As vezes a gente tem que ser feminina, delicada, compreensiva e caçar do fundo do baú do coração um instinto materno que temos guardado para o dia de usá-lo da maneira certa. Toda mulher sabe quando os outros esperam dela uma atitude positiva e acolhedora. Mas não é sempre que meu instinto “boa moça” está aflorado e você me errou feio a hora de me foder.

Não sou adepta de represálias, nem ameaças, mas você vai sofrer. E digo isso despida de qualquer rancor, juro, você é um amor. Mas sei que vai sofrer, chorar, e morrer por dentro porque conheço seu coração. Conheço bem e, por sinal, se não me engano, tem meu nome nele. Então se prepara porque vai doer. Vou entrar nos seus sonhos e cerrar os seus ossos, te deixar paralisado na cama olhando o teto sentindo o fim do mundo se aproximar, subir pela janela, deitar debaixo da sua cama e acabar com as suas noites tranquilas. Eu vou ser o seu arrependimento, neném!

Vou acabar com os seu sorriso, seus dentes, sua boca, sua cara, sua cabeça inteira. Vou derreter os seus olhos em sal de lágrima e ninguém vai saber se um dia você viu alguém além de mim. Vai ser tão dolorido, amor! Vou te mandar fotos, vídeos, gravações e transformar seu poder de abstração numa piada sem graça. Você vai me ver com outra pessoa na parede do banheiro, eu beijando outra boca nas bolhas da xícara de café, de quatro maluca no espelho do elevador, com alguém em todo lugar. Sua imaginação vai ser meu cinema! Não é vingança, juro. Vai ser até bom para você ampliar seu conhecimento sobre sentimentos humanos, esse campo tão abstrato da vida que você acha que conhece tão bem.

E digo mais: vai ter sexo sim! Não vou te deixar na mão, pra que isso, não é mesmo? Mas jamais, nem por um segundo, nem por deslize, pense que será só com você. O que tá entrando de gente nova aqui não tá escrito, meu bem. É minha, não é? Não sou eu a hostess da balada? Então entra quem eu quiser! Ultimamente tenho deixado entrar todo mundo, praticamente. Não por vadiagem, nunca fui vagabunda! Deixo entrar por curiosidade, para ter o que nunca tive, o que você nunca me deu nem nunca vai dar. Então, se vai te dar saudade, me liga, mas torce pra eu não estar suando na cama de outra pessoa.

Eu vou comer seu coração, derrotar as suas defesas e derrubar teu corpo a ponto de você desejar a morte. Sua vida vai ser um corredor vazio, zero portas ou curvas, sem mim. Gostar ou não é uma opção que não lhe cabe, mas posso garantir que vai ser intenso. Você vai ficar espantado com como os olhos podem inchar depois de chorar por muitas horas. Chega a arder, é horrível, marca o rosto e incomoda até para dormir. Sua alma vai andar comigo na bolsa, junto com o estojinho de sombras, o potinho do absorvente interno, o celular e a carteira. Devolvo quando quiser, se quiser, e não aceito cobrança.

Mas quero deixar claro, mais uma vez, que não é vingança. Não sou vingativa! O fato é que é sempre bom estar no lugar do outro. É bom pra saber como eu me senti, para saber o quanto dói e o quanto é desnecessário. Como dizia a música: “prepare o teu coração para as coisas que eu vou contar”, porque é uma avalanche de verdades e fatos que você jamais gostaria de saber. Mas vai!

Sobre Mano Brown, Tru’ Funk e Meninas Negras

Sábado fui com alguns amigos assistir ao show do projeto paralelo do Mano Brown no SESC de Santo André. Junto com Ice Blue, companheiro de Racionais Mc’s, Helião (RZO) e mais um time responsa de dois DJs, quatro cantores, um guitarrista monstro, um tecladista virtuoso e dois dançarinos, o maior nome do rap nacional comanda a “nave” batizada de Boogie Naipe. Geralmente guardo esse tipo de experiência para mim e não misturo os textos que eu deveria escrever com relatos como este, mas dessa vez foi diferente e, mesmo durante o show, não conseguia parar de pensar que precisava escrever sobre isso. Pois então, aqui está.

Primeiramente, é indispensável dizer que sempre quis ver uma apresentação do Brown ao vivo. Meu objetivo sempre foi ver um show dos Racionais, mas por falta de oportunidade (e culhão) não o fiz. Sábado a pegada era diferente. Primeiro porque era no SESC, um lugar com uma tradição de shows seguros e tranquilos para todo mundo se divertir sem esquentar a cabeça. Depois porque, como mais tarde eu descobriria, a vibe do show também seria outra.

Chegamos cedo, deu tempo da galera fumar um cigarro, tomar uma cerveja, conversar, esperar uma outra amiga nossa chegar e aí sim fomos para dentro. Num espaço bem grande, pé direito de uns mais de dez metros de altura e sem cadeiras, o palco estava armado com um pano preto exibindo as tradicionais máscaras da dramaturgia (feliz e triste) e o nome do projeto no meio. À partir do início do show três coisas me chamaram a atenção:

1. Mano Brown feliz: Desde bem pequeno, sei lá, uns 8 anos de idade, ouço Racionais Mc’s. Estou acostumado a apreciar as batidas pesadas e as letras, na maioria das vezes, violentas. Hoje em dia me acalma, me fortalece e inspira. Mas mesmo sendo um som que muito me agrada, continua sendo um tipo de música pesada, de clima pesado, porque os assuntos nunca são muito macios. Junto com esse pano de fundo denso, sempre me lembrei da posição anti-mídia dos Racionais e, principalmente, da fama e cara de ruim do líder do grupo. Sendo assim, esperava encontrar esse clima no show. Mas assim que chegamos, mesmo antes de começar a apresentação, já dava para perceber que as coisas seriam diferentes.

De repente o show do Brown, aquele de sempre, bravão, violento e intimidador, estava cheio de casais descolados, gente de camisa listrada, com cara de hipster e meninas brancas de cabelo arrumado que, se eu encontrasse em uma baladinha qualquer, passariam despercebidas, mas ali me pareciam (por puro preconceito, assumo) estranhas no ninho. Ao longo do show fui percebendo, com certa estranheza, que no palco tinha um Ice Blue saudosista, um Helião comedido, apesar do terno e das correntes brilhantes, e um Brown descontraído, dançando, mesmo com um gingado duro e quadrado, sorrindo e se divertindo mais do que trabalhando.

Quando, no meio da noite, tocaram “1 por amor, 2 por dinheiro” com um arranjo bem diferente do original, muito mais leve, swingado e extrovertido, me peguei dançando e a maioria das pessoas ao meu redor estava fazendo o mesmo. Sem dúvida fui muito feliz em “conhecer” um dos meus maiores ídolos da música em um clima tão leve como o de sábado.

Tudo bem que seria muito emocionante ouvir a voz de trovão lançando o famoso “FÉ EM DEUS QUE ELE É JUUUSTOO…”, mas talvez eu não conseguisse sair tão animado do show. Gostei de ver o Brown dançando, sorrindo, fazendo piada, conversando de futebol com o Blue e cantando “Lady, hear me tonight…” do Modjo, mesmo sem mandar nada bem no inglês!

2. True Funk: Logo na abertura do show, com os DJs misturando uma porrada de samples de músicas diferentes já deu pra sacar que não era exatamente um show de rap. Mas foi na voz do próprio Brown que a real intenção da coisa toda foi anunciada. No meio de um beat bem diferente da melancolia e dos tons sombrios das músicas normais dos Racionais, o negão de óculos escuros, calça social e moletom largo anunciou dançando. “Legal… esse som é funk!” E era mesmo, quem poderia discordar? O maior motivo de todo aquele clima descontraído era o fato de, realmente, não estarmos num show de rap, mas sim, num grande baile funk com gente moderninha e, até então, acanhada de mais para aproveitar totalmente a animação das músicas.

E quando digo “funk”, espero que você esqueça tudo que é baixaria, carioca, repetitivo e com zero musicalidade aproveitável aos ouvidos. É o verdadeiro funk, o som que se baseia no grave, que faz tremer a camisa, da nó na orelha e convida o corpo a qualquer movimento, por mais tímido que seja. O funk do Boogie Naipe é o tipo de som que meu pai e meu tio dançavam quando tinham alguns anos a menos do que eu tenho hoje. Era o tipo de música que a galera gostava de dançar nas baladas para impressionar as gatinhas, dando mortal na parede e suando a camisa, literalmente, em passinhos previamente ensaiados. Na verdade, o clima era esse mesmo, de música antiga, bailão alegre e batidas pra dançar de passinho ensaiado com os parceiros.

3. Meninas Negras: Podem dizer que estou sendo extremista, mas me reservo ao direito de generalizar em alguns momentos. Nesse caso, aqui vai minha generalização sem medo: nenhum tipo de mulher dança como dançam as meninas negras! E quando digo “negra”, não se prenda só à cor da pele, mas sim às meninas com o sangue negro, as que só de olhar você já sabe que têm pai preto ou mãe preta. As que botam o cabelo preso de lado, ou que exibem um black power de responsa mesmo tendo aquela corzinha de café com leite mais leite, menos café. Essas meninas são as verdadeiras rainhas do corpo e o som da noite parecia feito para cada uma delas, que eram maioria na platéia.

Fiquei um tempo parado olhando duas amigas que estavam à minha direita, um pouco mais pra frente. Já sabia que ia escrever um texto sobre o show, mas foram elas as responsáveis por me fazer perceber que, mais do que um som inesperado, aquele show tinha um público inesperado. Dois passinhos pra esquerda, uma gingada com o quadril, depois mais dois passinhos pra direita e outra gingada. Em qualquer balada de hoje em dia os passos ensaiados são abominados, mas ali eram tão coerentes e estavam sendo tão bem executados que ninguém julgava, ninguém ligava, estava cada um curtindo a sua festa particular.

A diferença da dança dessas meninas, que se multiplicavam às dezenas assistindo ao show, para a dança de todas as outras mulheres mortais do mundo é que, no caso delas, o corpo dança junto com a música, não simplesmente dança. As batidas vêm nos ombros, a cabeça vai e vem, a cintura vai pra frente e pra trás e os dentes estão sempre à mostra. São movimentos curtinhos, coisa delicada, de gente fina mesmo, mas expressam muito mais do que qualquer maluca batendo cabelo na balada bêbada e sozinha. A dança delas é quase a voz do corpo, é um cantar silencioso e emocionante. E é por isso que digo com certeza que ninguém dança como dançam as meninas negras, assim como ninguém faz baile funk quanto Mano Brown e sua “firma”!

* este blog não costuma ser factual, o texto acima é uma exceção saudável.

Nós três: drogados e prostituídos

Nossa situação não era das melhores, não dava par dizer que estava tudo bem. Tava na cara que estava tudo uma merda. Eu com os braços fedendo a Cosmopolitan com cereja, os olhos caídos, o corpo sem saber se sentia cansaço ou se era só mal jeito. A cabeça pesada e a boca mastigando, sem nenhum prazer, um cheese burger bem mal feito. A conta bancária chorando sangue e as cifras indo embora como se fossem migalhas de pão jogadas na sarjeta cheia d’água.

A outra, princesinha do castelo de cristal, revirando o lixo do alto dos sapatos caros, puxando a barra da micro saia para baixo desesperada atrás de um cartão de crédito misturado com copos vazios, guardanapos imundos e alimentos em decomposição. Arrumava a blusa de renda impecável, passava o cabelo bem cuidado por trás da orelha e continuava tirando lixo de dentro do saco preto na esperança de encontrar um retângulo prateado e salvador da pátria. Só faltava chorar tamanho era o desespero.

A terceira de nós com um corte no pé, uma mão inchada por conta de uma queda, os dedões esfolados, bolhas nos calcanhares, caminhando descalça na rua com um figurino delicado demais para as aventuras nas cidades. As rendas do macaquinho caro que ela vestia já estavam começando a desfiar, rasgar, abrir e, com os sapatos nas mãos, caminhava pelas calçadas imundas de sujeira fugindo para qualquer lugar que não fosse a própria casa. Perdida no mundo sem saber nem pra quem, ou pra onde, correr.

No fundo era o hilário da decadência de três seres que acordaram o dia antes mesmo de dormir. Nem todo dia é dia da caça, nem toda festa termina com bolo e guaraná, nem toda música termina com refrão e nem toda noite termina com caminha, quarto escuro e conforto. A vantagem de ser jovem é que o corpo aceita qualquer surra sem chorar. Você extrapola tudo: come mal, bebe muito e dorme pouco. Ele aguenta!

Então, já que aguenta, a gente continua testando a tolerância e vai se arriscando a chegar em casa e comemorar com um “sobrevivi” embriagado, ou terminar a noite numa lanchonete decante, com as roupas sujas, sem dinheiro, em um estado emocional deplorável e sem nenhuma dignidade, fedendo a pinga, revirando o lixo e caminhando descalços com as melhores roupas e as etiquetas mais caras do guarda-roupas. Estávamos nós três drogados, prostituídos e sem a menor condição de fazer qualquer tipo de boa ação por nós mesmos a não ser encontrar uma cama segura para dormir em praz.

Vem cá, vem…

Quando você estiver afim de conversar eu vou fazer um chá pra agente. Não sei o que está acontecendo, ou o que foi que aconteceu, mas qualquer homem um pouquinho mais esperto sabe o momento de fazer as perguntas e o de se calar. Esse é o do silêncio. Vai lá, da uns berros no banheiro, pisa duro, fode todo o piso, não tem problema, em dias assim você pode. Passa por mim bufando, fica rodando a casa toda procurando alguma coisa que nem sabe o que é, se irrita mais, faz cara feia e fica esperando eu falar alguma coisa para poder descontar tudo em mim. Eu não vou abrir a minha boca.

Se tranca lá no quarto. Deita no escuro, respira, pensa com calma e volta. Aí volta mansa, já sem os sapatos que arrebentam com todo o assoalho, vem com bico e me olha antes de passar direto para a cozinha. Pega um copo, enche d’água e fica esperando eu dizer alguma coisa. Não tem sede, tem é orgulho. Eu, vacinado como sou, já sei que você não vai falar nada, então eu pergunto com a voz mais calma e doce do mundo: “O que você tem, amor?” Já basta! São as palavras mágicas para abrir a torneira das lamúrias, do estresse, dos palavrões e do fim do mundo numa caixinha de palitos de fósforo.

São 40 minutos de palestra exaltada sobre um problema que já foi, já passou, não adianta pirar porque não tem como mudar nada. Mas eu já sei que não posso dizer isso, nem contrariar, nem dar conselho, nem dizer nada. Eu tenho só que ouvir, fazer caras de pena, expressões de indignação quando receber uma informação que vai contra suas vontades e te dar apoio. É esse o trabalho do homem no momento de crise da mulher amada. É esse o meu papel. Às vezes, no fim do discurso, rolam alguns desvios de curso, como perguntas do tipo “e você não vai dizer nada?”, ou “você não acha que eu fiz certo?”, mas na maioria das vezes é só ouvir que fica tudo bem. Eu deixo você terminar.

Então agora que acabou, vem sentar mais perto de mim, me deixa te beijar, a gente fica agarrado um tempinho, você se acalma, respira e agora tudo vai ficar melhor. Eu vou, quase sem querer, transformando o nosso abraço carinhoso em um enlace sensual e provocante. Te beijo com calma, troco a posição das mãos e tiro a da cintura para apertar suas coxas e a das costas puxa teu pescoço em direção à minha boca. Você, mole como um corpo desmaiado, se rende e aceita que o melhor remédio ainda está nos contatos físicos, no calor da pele e nos arrepios da espinha. O seu melhor remédio está em mim.

E eu te pego no colo, caminho pelo corredor bem concentrado, acertando o caminho de olhos fechados grudado a você. E quando a gente chega ao quarto e eu te solto na cama já não existe problema nenhum. Ou se existe já não é mais tão importante. E você num instinto irracional de gratidão tira a roupa para me agradar, como se me dissesse obrigado com gestos e paisagens. Fica escuro, a gente se mistura de um jeito que só funciona comigo e com você e aos poucos eu vou exorcizando cada preocupação sua pelos poros. Sai com o suor e vira vapor de água no ar.

Depois de tudo fica você encolhida num canto da cama, sonolenta, relaxada e tranquila. Eu do outro lado, esparramado com calor, pergunto se você está bem e como se adivinhasse que eu estava olhando, você só responde com a cabeça. Aí eu me viro e te abraço num encaixe perfeito de nós dois. Beijo seu ombro, sua orelha, digo que te amo e te aperto forte só para confirmar que, seja o que for, eu vou estar ali. Levanto e você, ainda sonolenta, me pergunta onde eu vou. “Tô indo fazer um chá pra gente!” e você se vira para mim e pede com a voz mais meiga do mundo: “Não! Vem cá, vem…”

Abre a porta

Abre a porta. Abre que eu sei que você está aí, do outro lado, olhando para a madeira como se olhasse o meu rosto. Não precisa ser assim, esse afastamento forçado, essa coisa violenta, brusca, como se fosse uma coisa que terminou antes do fim, um filme picotado. Abre essa porta porque eu quero conversar, tenho muito para falar, mas não vou ficar aqui como um idiota conversando com ninguém, no corredor, sozinho, sabendo que você está do outro lado e não quer me deixar entrar.

Sente, fecha os olhos e me sente. Eu estou com a mão no centro da porta, a palma toda tocando na superfície lisa e marrom da entrada da sua casa. Sente a minha mão, toca daí, toca os meus dedos através da madeira, me sente passando pelas fibras, pelo compensado e tocando seus dedos, só as pontas. A gente é tão forte, nossa energia é tão grande se estamos juntos que eu posso sentir você, posso até adivinhar para onde você está olhando, porque quando mais fisicamente próximos nós estamos, mais mentalmente conectados ficamos.

Você sabe que eu não vou mentir. Não estaria aqui implorando por alguns minutos de atenção para inventar uma história, uma fábula cheia de acasos, acidentes e coisas mal planejadas. Não é o meu tipo de atitude. Vim para resolver, para entregar a verdade inteira, sem virgula, sem corte, e é preciso ser muito homem para fazer isso. Dá medo! A verdade, quando detentora do futuro, amedronta qualquer um. Quem não gostaria de trocar a verdade destrutiva por uma mentira apaziguadora?

Você não merece minhas mentiras, assim como eu não mereço essas suas lágrimas. E eu sei, mesmo com a testa colada à porta pelo lado de fora, vendo o chão, o tapete e a passadeira, que você está chorando. Sei porque sinto. Meu peito se aperta de um jeito covarde, como se fosse necessário assumir todos os erros do mundo, até mesmo os que não cometi, para que você se sinta melhor. Meu peito está apertado agora. E mesmo que eu não tenha certeza, meu coração me diz que você está chorando, porque ele está me pedindo para lhe dizer que pare, que não chore, que não vale a pena. Não agora.

Tudo o que te peço é que abra a porta, que me deixe entrar, que me dê um beijo e que me deixe acordar ao seu lado na cama que um dia foi minha também. Quero provar e perceber que o destino realmente não existe, ou não é exato, quando as pessoas creditam mais umas nas outras do que no que parece estar fadado a acontecer. Eu não sou ninguém para prever o futuro, e mesmo que você seja a pessoa mais incrível que eu já conheci, sei que você também não é vidente. Então abre a porta, me deixa explicar, me deixa dizer tudo o que você esperou pra ouvir desde sempre.

Abre a porta, por favor…

Casual

Apaga as luzes, fecha os olhos, só para confirmar o escuro, e vem bem devagarzinho, cola inteiro em mim, das coxas ao peito, me segura pela cintura e oferece a boca para eu beijar. Faz tudo bem lentinho, me apertando de leve, chupando a minha língua, abrindo a boca e falando de silêncio comigo. Eu te quero todo calmo, e todo só pra mim.

Põe pra tocar no repeat aquela lentinha do Drake com o final do Kendrick Lamar e me puxa pro sofá. Cai confortável e me leva junto, pra ficar sentada nas tuas pernas, ajoelhada em cima de você, sentindo o escuro deitar como um cobertor preto e macio sobre nós. E toda vez que a batida do grave tocar no rádio, me puxa pela bunda pra me grudar, como se fosse para entrar em você, fazer do meu corpo parte do seu, só para parecer que a gente está dançando e não prestes a transar.

E quando eu já estiver ofegante, isso só com os beijos, vem e tira a  minha blusa segurando pelos lados, arranhando de leve as unhas nas minhas costelas, me arrepiando, me provocando e me deixando maluca por não poder ver seu rosto, a cara que você está fazendo enquanto tira minha roupa, se está com tanto tesão quanto eu, se ainda está de olhos fechados. Eu vou arrancar o sutiã correndo e voltar para você, para a sua boca e não largar nunca mais.

Pode deixar a música repetindo pra sempre, não importa, nosso ritmo vai ser o ritmo dela. E depois a nossa dança vai ficar séria, comigo sem roupa, você sem controle e o sofá já bem longe do lugar onde costuma ficar. E quando a música acabar pela décima vez eu vou gritar. Vai ser um gritinho instintivo, quase como um susto, mas longo o suficiente para não deixar dúvidas sobre de onde veio, e depois vou me apertar num abraço violento e inviolável, com as pernas atrás da sua cintura, os braços agarrados às tuas costas e minha boca grudada ao teu ombro, com os dentes cerrados, contraindo cada músculo do corpo e esmagando teus ossos.

Você vai me segurar com força e se levantar, caminhando comigo trepada em você, ainda curtindo o finzinho do orgasmo que acabei de ter. De repente eu vou sentir a parede fria nas minhas costas e você vai começar tudo de novo, com a mesma força, com a mesma vontade, me fazendo sentir a coluna esmagar no concreto frio e desejar que não acabe nunca. O ritmo vai fugir, e muito, do clima lento da trilha sonora e em algum momento eu vou flutuar, sentindo as suas mãos agarrando a minha bunda, me prendendo contra a parede, fazendo meu corpo ficar refém do que você quiser fazer. Vai ter um silêncio, um fim de mundo que vai durar alguns segundos, e quando tudo voltar ao normal eu vou estar deitada sobre o seu corpo, completamente dopada e dolorida, mas feliz.

Depois você vai me dizer que eu sou linda, e gostosa, e safada, apertando as minhas coxas, porque todo sexo merece um pouco de ousadia. Vai me beijar com calma, não a mesma do começo, mas com a mesma devoção. Eu vou sair de cima, pegar minha roupa, me vestir em tempo recorde e, já com a luz acesa, vou sentir orgulho e uma certa dose de carinho pela sua figura jogada no sofá imóvel, me observando botar a roupa, me desejando de verdade mesmo tendo acabado de fazer sexo comigo.

Eu vou pegar minha bolsa, arrumar o cabelo na frente de um espelho qualquer, puxar o sutiã para baixo, tirar a calcinha de dentro da bunda e mandar um beijinho aéreo já saindo, na direção da porta. E você, meio sem motivo, vai me dizer que gostou muito, eu vou sorrir meu sorriso mais safado e sedutor e dizer que também achei bom. Como mulher moderna e independente que sou, vou sozinha pegar o elevador, achar um táxi e ir para casa com o gosto do suor do teu pescoço na minha boca. Um sal com gosto de fim de semana.

E aí, depois de tudo isso, espero que você não me mande um SMS antes de dormir, ou que me mande “bom dia =]” quando acordar, nem que faça alguma gracinha “fofa” na minha inbox do Facebook, nem que me chame para sair de novo, nem que me ligue para bancar o homem com atitude. Eu espero que você não faça nada. Nada mesmo! Não é uma trepada que vai me convencer de que é hora de iniciar um compromisso com alguém, mesmo que seja informal. E mesmo que tenha sido uma das melhores transas dos últimos tempos, com uma das trilhas sonoras mais propícias dos últimos tempos, não te quero por mais do que uma noite.

Eu vou embora e você vai me ignorar, me esquecer de verdade, sem ressentimentos, nem esperanças, sem cobranças, nem amor. Quero que tenha sido uma conversa de fila de banco, um papo de elevador, trivial, inocente e sem a menor chance de se aprofundar. Sexo é diversão, ao menos para mim, e eu vou me divertir com você. Todo o meu resto, meu interno, meu real conteúdo, não vai ser seu, e não peça. Me olha, me deseja, ouve a porta bater e entende que acabou a diversão. Acabou porque eu gosto assim!

Vício de corpo

Meu corpo sente uma falta que não finda, nem por hoje, nem por nenhuma das noites que virão. Mesmo que sejam cheios de compromissos, de missões impossíveis renováveis, crises e dilemas, meus dias nunca terminam emocionantes. Ao menos, não esse tipo de emoção. Termino todas as noites abstêmia! Como uma ex-viciada, ou uma atual viciada sem ter posse do objeto de vício. Toda noite termina com uma inquietude que não me deixa dormir, me faz tomar três banhos entre as 20h e 23h para ver se o sono me encontra numa gota de água fria.

Da cumplicidade e da presença eu também sinto falta, é ruim, mas tenho a mente forte, sou uma menina esperta e sei me virar com meus sentimentos confusos. Mas meu corpo não pensa! O corpo irracional que habito não aceita a ausência do toque, do calor que vem de outra pele. Sinto falta de sexo toda noite como se minha vida fosse depender disso. A tristeza de ser uma garota decente, que tem algum juízo na cabeça, é que não consigo, nem por um minuto, pensar em transar com o primeiro homem que passar pela rua. Mas seria meu remédio mais perfeito!

Não, o mais perfeito seria você, com esse seu cheiro particular, esse perfume de homem que só você tem, que sai da tua pele transbordando, que mata qualquer mulher do coração, mesmo sem ter nunca sentido nada. E posso garantir que já me esforcei para esquecer, para tentar arranjar outra coisa para pensar, para fazer. Mas termino sempre com as pernas bambas, às vezes ajoelhada exausta, no chão do banheiro, com uma cachoeira artificial lavando minhas costas enquanto finjo, inutilmente, que meus dedos são você, que todos os dedos do mundo são você, que meu cheiro é o teu, que estou satisfeita e tranquila. Nunca estou satisfeita nessa solidão física.

Esses dias me senti estranha. Me peguei chorando em casa, sozinha, com as luzes quase todas apagadas, arranhando o tecido do sofá e querendo quebrar tudo. Não entendia o motivo do choro e achei, por alguns minutos, que estava sentindo sua falta. A falta de um amor, daquele calor que dá no peito quando a gente sabe que tem alguém esperando por nós zelando pelo nosso sucesso e cuidando da nossa alegria. Mas depois percebi que não era isso, não é meu tipo de reação à solidão. Chorava, na verdade, de raiva, de desespero, de dor nos ombros por viver uma tensão infinita nessa falta de sexo que me mata. Eu morro por falta de sexo, amor!

Sinto falta sim, de você, do seu sorriso e da perfeita presença que você significava para mim. Mas o que me consome mesmo é o silêncio que toma o lugar dos palavrões ditos ofegantes com a boca colada à minha orelha, dos tapas abafados, do suor que não era meu escorrendo pela minha barriga, dentro do meu umbigo, por dentro das minhas coxas. Sinto falta de me sentir cheia, completa, totalmente preenchida por você e sem me preocupar com qual seria a próxima vez que sentiria aquilo. Sinto falta da putaria, das marcas  na cara, das pegadas na cintura e de todas as coisas horríveis que você me ensinou a gostar.

Acima de qualquer sentimento que eu lute para reprimir, de qualquer falta psicológica que eu tente substituir, de qualquer declaração que eu tente esquecer, sinto falta da presença física. Meu corpo sente falta e é fatal! Quanto mais me esforço para viver de paz, lembranças e boas memórias, mais me pego ninfomaníaca esperando pela mesma putaria que a gente chamava de amor. Porque com você aprendi que sexo selvagem é uma coisa, selvageria é outra bem diferente. E aprendi isso porque pensava que gostava da primeira, quando você me apresentou a segunda.

Por ilusão vivo me martirizando por não ter um casinho, um rolo, alguém para quem eu possa ligar e que aguente transar comigo a noite inteira, mesmo que eu tenha que esperar aquela meia hora estranha que alguns homens precisam. Você não precisava, mas até isso eu relevaria para sentir um pouco do prazer que você me dava. Mas sei que algum homem seria a mesma coisa que meus banhos gelados durante a noite. O efeito dura dez minutos, vinte no máximo, e depois estou queimando de novo, completamente fora de controle desejando uma violência e um êxtase que nenhuma droga nem nenhum outro cara vai me dar.

Acima de qualquer sentimento que um dia habitou meu corpo está o próprio corpo, e este não aguenta mais. Me rasgo inteira em unhas que, até então, jamais havia percebido que tinha, e me sinto, ainda assim, vazia. Chego a sangrar, tamanha minha afobação e desespero. Creio que minha loucura jamais terá fim, que meu vício não tem tratamento e que minha solução será a tortura eterna da sua falta. Não da sua presença, nem do seu carinho, mas falta da dor física que a dor do amor camuflava durante o tempo em que você esteve aqui.

24h de noite

Não importa que horas os relógios vão mostrar, nem que número o termômetro vai marcar. É com você que eu quero estar no dia em que o dia não vier. E não adianta dizer que é lenda, que não acontece, que é coisa de filme: vai ter um dia em que o Sol não vai vir, a lua vai ficar 48h e tudo que for mágico vai se tornar real. Nesse dia, mesmo que seja o inferno na Terra, eu quero estar com você!

Dizem que vai fazer um frio insuportável, coisa de -28ºC, mas aqui dentro vai ser sempre calor com brisa se você estiver por perto. E se for mesmo verdade que vai chover meteoro, que tenhamos tempo de levar a câmera, os binóculos e as fitinhas do Senhor do Bonfim para fazer os pedidos para os astros. Você pode desejar mais alegria, dinheiro, felicidade, um crescimento repentino dos peitos, coisa assim. Eu vou desejar a eternidade com o teu nome.

Na dúvida, caso as pessoas confundam esse dia com o fim do mundo e as ruas fiquem caóticas, bolei uma maneira de aproveitar a festa sem precisar lidar com os loucos dirigindo carros como se não houvesse o amanhã: botei cadeiras de praia no telhado! De lá, com uma dúzia de blusas e cobertores, a gente vai poder contar estrelas e assistir nebulosas em pleno meio-dia, sem problema algum.

Ah, vai ser tão bom. O universo inteiro nos olhando, a gente olhando de volta, teus dedinhos finos enrolados nos meus, o rosto com a pele lisa do gelo, o vento chacoalhando tudo e o resto do planeta chorando o fim. Não vai ser o fim, vai ser simplesmente um dia sem Sol, não parece tão ruim! Mas caso não aconteça nada disso, caso o Sol venha todo dia até o fim do último dia, não tem problema. As cadeiras ainda estão no telhado, os binóculos e a Polaroid continuam separados e meu coração continua esperando.

O dia que não tiver dia vai ser a noite mais bonita das nossas vidas. Mesmo que não exista noite alguma!

Obstáculos

Tem tanta gente lá fora. Tem gente até demais, na minha opinião. Caminho durante o dia por entre gentes que não têm nome, nem cor, nem sonhos. Não são nada além de obstáculos que atravancam meu caminho. Não faz diferença se são altas ou baixas, negras ou brancas. Quase nunca reparo em seus rostos, em suas expressões e, excetuando-se alguma moça mais bonita que a maioria, quase nenhum deles tem o poder de sequer desviar meu olhar.

Em qualquer lugar tem gente aos montes. Caminhei pela Avenida Paulista ontem e fiquei espantado com o número de estrangeiros que estavam de bobeira pela rua conversando em idiomas que não me dizem nada. Como se não bastassem todos os paulistas, tenho de desviar e dividir as calçadas com gringos de tudo quanto é lugar. É muita gente, muita gente misturada com qualquer tipo de sentimento.

Se estou com pressa todo mundo parece lento demais. Se estou feliz as pessoas têm cara de platéia, de admiradores da minha alegria. Se estou triste todos parecem se vestir de cinza, como se fossem zeladores de um prédio que eu estou esvaziando. Quase nunca são pessoas comuns, só pessoas, porque mesmo sem prestar atenção em ninguém, vejo todos, um a um, passando por mim, cruzando meu caminho, indo e voltando sem rosto ou sobrenome.

Pensando sobre essa minha mania de não ver ninguém nas ruas lotadas, que acredito não ser um hábito exclusivo, parei para pensar nas pessoas que passam a vida reclamando de nunca terem encontrado alguém, ou alguma coisa, que sempre esteve lá fora e nunca foram encontradas. Ninguém é capaz de encontrar ninguém nessa multidão de gente igual. Quando estou na rua meu pensamento está na matéria que tenho que escrever, no dinheiro que estou tentando ganhar, na ligação que tenho que fazer, na minha chefe e os prazos que ela espera que eu cumpra. Não vejo ninguém porque não dá tempo.

Tenho tantas coisas misturadas na cabeça que não sobra neurônio para reparar na moça com o sapato engraçado, no tiozinho com a peruca torta, na gorda com uma roupa que jamais ficará bem naquele corpo, ou na magrela alta que rouba olhares maliciosos dos limpadores de vidraças e vitrines. Não vejo nada disso porque mesmo que meus olhos estejam focando o chão e a rua, meu cérebro forma imagens insalubres de textos escritos, fotografias, imagens obrigatórias, calendários e ponteiros de relógio.

A vida esbarra comigo todo dia nos corredores abarrotados do metrô ou na fila inexplicável da entrada da catraca do trem. A vida está lá, eu sei que está, mas meu tempo não quer me deixar olhá-la, analizá-la, ter alguma opinião. Estou o tempo todo pensando no que ainda não fiz, no que ainda não entreguei, no jornalista que não sou, no namorado que não fui, no filho que não me tornei, no homem que não encarnei. É tanta cobrança, é tanto trabalho, é tanta falta de controle da minha própria vida que inconscientemente prefiro arrancar os rostos e as pessoas e tratá-las como obstáculos na rua.

Fica mais fácil assim. Minhas tarefas e afazeres me distanciam de um Daniel que já vai longe na escala de prioridades da vida. Existe tanta agenda, tanto compromisso, tanto número de telefone que fica difícil acreditar que eu seria boa companhia para alguém novo, alguém que eu conheci agora, alguém que trombou comigo na rua. Sem querer me limito a ficar sempre com os mesmos nomes e os mesmos problemas, porque afinal, é o que cabe. É mais fácil não desapontar ninguém quando não há ninguém para desapontar. Mas o jeito fácil, às vezes, é bem triste, mesmo para jovens como nós!

Um cigarro e uma Coca-Cola

Tem dias que a gente acha que precisa de tudo, do mundo inteiro e algo mais, das coisas que não têm nome, das coisas que nem existem e além. Mas tem dias, menos frequentes, que a gente se dá conta de que para se salvar do mundo, relaxar e dormir em paz ao menos por uma noite a gente não precisa de quase nada.

Nossos remédios particulares não estão nos livros de medicina, nem nas tradições xamãnicas, muito menos nos estudos religiosos. Às vezes nosso melhor remédio está dentro da geladeira, ou na primeira porta do armário, ou na última gaveta debaixo da pia. São coisas simples, quase inofensivas, inanimadas, que podem ser compradas com uma nota pequena em qualquer mercadinho de esquina.

Hoje tudo que eu quero é um cigarro e uma Coca. E não me venha falar dos dentes amarelados, do câncer de laringe, de pulmão, de boca, de pele. Não me fale da flacidez, do acúmulo de gordura, do sódio, do gás, do ph e toda a grande palhaçada que as pessoas dizem sobre um monte de coisas que a gente costuma consumir. Foda-se, o remédio é meu e para mim faz mais bem do que mal.

Todo antibiótico faz mal. Os antiinflamatórios também. Até aquela merdinha de AAS infantil amarelinho com gosto de infância faz mal. Então não me venha com histórias sobre o que me faz bem ou não porque de hipocrisia eu já estou soterrada. A vida faz mal, então não me venha tentar forçar a barra.

Eu precisava mesmo era de mais dinheiro. Botaria uns peitos e faria uma lipo. Depois arranjaria um marido rico, talvez famoso, conheceria Paris, Tókio, Nova York e a Cidade do Cabo. Na verdade eu precisava ser feliz, me sentir amada, bonita e conseguir realizar alguns sonhos simples, coisa pouca, só para sentir que a vida está andando para frente mesmo.

Na verdade eu queria ser menos sozinha, menos infeliz, menos estressada. Queria mudar para a praia, talvez lá eu conseguisse levar uma vida um pouco menos insalubre. Viveria de absorver a luz do Sol e produzir serotonina. Seria uma eterna amante da natureza e do pôr-do-sol, com os cabelos ficando loiros naturalmente e a pele escurecendo linda.

Acho que, acima de tudo, o que eu preciso é cuidar dessa minha vontade de ter vontades. Esse meu infinito desejo de querer alguma coisa que não tenho ou de mudar algo que já está consolidado. Acho que esse é o mal do nosso século: querer sempre mais. Eu quero, pensando bem, o mundo mesmo. Quero tudo, até o que não tem nome, até o que não tem cor, até o que não existe. Eu quero o infinito estelar e algo mais!

Mas ah, sei lá, pra ser bem sincera, hoje um cigarro e uma Coca-Cola já me fariam dormir feliz.