Arquivo mensal: setembro 2012

A noite dos imortais

Tô numa pegada de lembrar de amigos, falar sobre amigos, viver com amigos, porque não é sempre que a gente lembra, mas são eles os verdadeiros donos das nossas vidas.

“Relaxa, Rah! A gente nunca vai acabar, nunca vai morrer. A gente vai ser pra sempre… nós somos eternos!”

No dia em que eu disse isso, percebi que a vida é uma coisa sem formato. Rah, que é a Raíza, é uma amiga que, na noite em que essas coisas saíram pela minha boca, estava se despedindo dos melhores amigos e se preparando para embarcar para a Espanha, em uma viagem que ainda não terminou e que, em alguns dias, eu penso que nunca vai ter fim. Eu lembro dessa noite. E lembro, principalmente, porque os sentimentos que ficam no ar quando alguma coisa grande está acontecendo são eternos. Você nunca vai se esquecer de uma grande mudança pela qual passou, ou que provocou em alguém ou algum lugar.

A gente tinha saído do bar onde tinha sido a despedida oficial, com todos os amigos, um monte de gente da família, muita bebida, música, gente perfumada e gargalhando. “Vai ter uma festa na casa de um cara”, eu ouvi, quando já estava quase decretando game-over. No dia seguinte, às 7h da manhã, eu precisaria estar lindo e bem disposto para tirar a foto da carteira de motorista, enfrentar filas do Não-Poupa-Tempo e já passava das 2h da matina. A Rah estava impossível e, mesmo que eu usasse mil argumentos contrários, já sabia que não teria como fugir da segunda noitada na mesma noitada. Era a vida, toda rígida, amolecendo, provando que o improvável acontece quase sempre.

“Vamos passar na minha casa antes que eu preciso trocar de roupa!” e eu não tinha como contrariar. No carro dela só toca rap, dos nacionais, dos que fazem sentido e, nessa noite, Rael da Rima era rei. Saiu o salto, saiu o vestido, veio a calça e o tênis. Enquanto eu esperava na sala, com um gato me olhando feio, pensava sobre como as coisas viram, giram, rodam rápido. Em um momento eu estava em casa. No outro estava bêbado conhecendo amigos da minha grande amiga. Depois estava ouvindo rap num carro que cortava a garoa noturna numa cidade já quase vazia. Depois estava sendo julgado por um gato e, no minuto seguinte, estava segurando uma garrafa de St. Remy roubada do armário da sala e indo para uma casa X, de um cara X, esperando nada mais além do inédito.

Essa parte é um lapso, porque eu esqueci ao certo como começou o assunto. Só sei que o carro parou, a gente estava falando sobre coisas que param no ar, que pairam, que congelam e, de repente, pintou uma preocupação estranha de que talvez, só por acaso, a nossa amizade estivesse acabando ali, naquela noite, naquele último rolê. Tipo um Último Tango em Paris, tipo um Último Rap em Santo André. Bateu aquele desespero de um minuto, quando as pessoas se olham procurando esperança dentro da retina do outro e, de repente, veio isso. Veio essa certeza, tipo a garantia de que o chão que a gente pisa é real, de que existe mesmo o ar que a gente respira, que os olhos enxergam o que é real. Naquele momento eu tive certeza de que a gente nunca ia morrer.

Depois disso a gente chorou, ou sentiu que ia chorar e aí saímos do carro rindo, como se estivesse exorcizando uma coisa ruim que, na verdade, nunca existiu. A verdade é que a verdade não corresponde verdadeiramente à verdade. A gente sente medos de coisas que não nos ameaçam, perdemos coisas que nunca foram nossas, sentimos falta de sensações que ainda não sentimos e passamos tempo demais desejando o indesejável. Amizades verdadeiras não se dissolvem, não pairam, não congelam. São vivas, quentes e eternas. Não acabam, não têm fim, não morrem. Naquele dia a eternidade mandou um beijo pra nós dois.

A noite, daí pra frente, seguiu meio nebulosa. Tinha umas bebidas, umas mesas, umas pessoas estranhas, fugimos do rolê antes mesmo de ele começar, rodamos pela cidade com gente dormindo dentro do carro, com o dia nascendo, com as horas encurtando e quando chegou o momento eu estava passado, quase dopado, na fila da fotografia 3×4 esperando para renovar meus documentos. Eu dormi no banco do Poupa-Tempo como um mendigo que precisa achar um teto para fugir do frio. Dormi largado, com zero dignidade, para acordar e ter a certeza de que aquilo não era nada. A noite ainda existia e nunca mais iria acabar. Naquela noite eu e a Rah nos tornamos imortais.

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Eu gosto é de mulher imperfeita!

Hoje ouvi de uma amiga uma frase que me motivou a escrever tudo isso aqui. A Priscilla, que é uma moça muito bonita, muito segura de si e, principalmente, muito cheia de atitude, soltou uma pérola que não sei se é dela ou se alguém disse e ela replicou, mas que fez todo sentido para mim. “Perfeição é coisa de minininha tocadora de piano”, foi o que ela disse. E disse como quem espirra, como filho homem que assume que é gay no almoço de domingo e depois pede pra passar a salada. Disse como se todo mundo já estivesse sabendo. Mas não! Às vezes tenho a impressão de que o mundo se esquece de que a perfeição é uma puta d’uma balela, uma merda que o povo inventa pra fazer a gente se sentir mal e trabalhar mais, comprar mais, gastar mais, comer mais, fazer tudo mais, tendo cada vez menos retorno.

Mulher perfeita existe em qual planeta? Me fala porque eu nunca vou querer ir para lá! Eu gosto tanto das neuras das mulheres, do estresse que elas me fazem passar, das porras das manias chatas pra caralho, que não abriria mão por nada. Mulher é um bicho irritantemente maravilhoso. A minha namorada, por exemplo, que insiste em viver numa eterna inconstância de preferências e me deixa maluco de ódio por, simplesmente, não saber o que quer comer, é ótima assim. Aos meus olhos, se ela soubesse tudo o que quer o tempo todo, tivesse uma opinião para tudo e resposta na ponta da língua para qualquer pergunta, as nossas conversas não durariam mais do que cinco minutos. O que me faz conversar, e muito, com ela, são justamente os momentos em que ela não faz a menor ideia do que quer, ou quando toma uma decisão quem não tem nada a ver com o que ela costumaria decidir. É a imperfeição psicológica dela que me ganha, que me pega de surpresa, que me instiga sempre.

Assim como essa falta de constância psicológica, os outros tipos de imperfeição também são importantes. Me dá preguiça de olhar aquelas meninas que parecem que não cagam, que não arrotam, que não peidam, que não ficam com feijão no dente. Gente normal é mais legal! Gosto da menina que fica bêbada e sem noção. Mesmo que na hora eu ache um puta papelão ficar caindo pelas tabelas e dar trabalho pras amigas pra gorfar a vida no banheiro, no dia seguinte ela vai ser a melhor lembrança da festa e mais, vai rir disso! Gosto da menina que se suja comendo macarrão, que liga o foda-se e come fruta gosmenta com as mãos. Vai se foder se pra comer uma manga alguém precisa cortá-la em cubinhos para você. Te vira, nêga! Eu gosto da mulher que fala palavrão mesmo quando não precisa, que xinga quando tem que xingar, que fala merda, que se dá ao direito de ser alvo de piadas e que consegue rir das próprias cagadas. Mulher que faz merda, mulher que erra, mulher de verdade.

A perfeição não é algo atingível e, na verdade, nem deveria ser algo almejado. A maioria dos caras gostaria de mulheres sem nenhuma celulite, sem nenhuma estria, sem nenhuma gordurinha sobrando. Assim como a maioria das mulheres gostaria de homens bonitos, cheirosos, com aparência máscula e fatal. Mas não dá, né! Sendo assim, a mulher que tem uma gordurinha sobrando, que tem estria, que tem celulite, mas que se sente bonita, é mais interessante. A autoconfiança da mulher ainda é mais excitante do que sua aparência. Inteligência ainda dá tesão, minha gente! Isso não muda. A neurose com o corpo é para as que têm medo de não se garantirem no resto. É para a famosa tocadora de piano, a fazedora de crochê, a boneca de porcelana que não tem nada para oferecer além de uma embalagem bonita. Não é esse tipo de coisa que eu e muitos outros caras de verdade esperam de uma mulher de verdade.

Hoje em dia, mais do que nunca, a mulher está no comando. Os homens podem até se sentirem incomodados com isso (e nos sentimos mesmo), mas não podemos negar. O fato é que quem decide se vai ter sexo ou não, é a mulher. Quem decide se vai ter segundo encontro ou não, é a mulher. Quem liga no dia seguinte se estiver mesmo gostando, é a mulher. O cara ou é par, ou é passivo. A posição do macho alfa está se dissolvendo na língua de uma mulher que, justamente por não ser perfeita, sabe muito bem lidar com os próprios medos, as próprias frustrações e, por isso, tomar conta da própria vida e, por que não, de toda a situação. A mulher bonita de hoje em dia é mais bonita que antigamente justamente por não tentar ser perfeita, mas por saber valorizar o que tem de mais atraente. A mulher inteligente de hoje não é mais inteligente que as de antes por saber muito sobre todas as coisas, mas por ter paciência de reconhecer a própria ignorância sobre determinados assuntos e se permitir aprender a todo momento.

Mulher de verdade é a gostosa que também sabe conversar. Mulher de verdade é a feia que tem um milhão de rolos encaminhados e está solteira por opção. Mulher de verdade é a delicada que também ouve heavy metal, também gosta de sexo forte e também sabe beber uísque. Mulher de verdade é a mulher que o povo chama de imperfeita, que foge do esteriótipo da mocinha, que larga dos padrões para escolher ser original. Quem procura perfeição é o cara que não se garante, que precisa de um troféu para exibir, que precisa de uma muleta para mostrar para a mãe no Natal. Esse cara não te merece. Que pena para ele. Padrão social de cu é rola! Eu gosto mais das minhas amigas, da minha namorada, das meninas que eu admiro, como a Priscilla, que sabe que perfeição é coisa de mulherzinha babaca e que uma imperfeição bem trabalhada pode mais charmosa do que qualquer garota propaganda de cerveja recheada de vazios e inseguranças escondida num corpo escultural. A imperfeição é perfeita.

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A calma daqui de dentro

Calma. Eu tô vivendo, tô vivendo! Faltaria paciência para mim se eu fosse você, assim como falta paciência em você para entender alguém como eu. Tem maldição que faz a gente rir, tem maldição que é feita errada e volta pra quem fez, mas tem maldição que pega. Pegou. Mas não significa que tudo vai ser uma merda, que agora a vida já vai começar a ficar cinza e sem graça, que passou a euforia e ficou o marasmo. Quero hoje, sim, e muito, assim como quis sempre. É que às vezes o silêncio é mal interpretado e fica como se fosse uma recusa, um segredo ou uma fúria. Mas num é isso, é nada. O silêncio é o som da paz, a melodia dos anjos, a música da calma, e eu estou cantando pra você. Tá ouvindo?

É como a minha relação com o Rio de Janeiro. Todo mundo que me fala do Rio recebe a mesma resposta, que eu conheço pouco, que só fui uma vez, que não vi nada, que é como se não tivesse estado lá, que não gosto mesmo sem conhecer, que não moraria lá de jeito nenhum. Mas não. É um segredo meu que às vezes é bom contar, mas na maior parte do tempo eu prefiro esconder. Eu vi o Rio de Janeiro de uma maneira que só eu mesmo poderia ver. Eu senti a brisa quente da noite, e tinha copos de cerveja, e risadas à beira-mar. Eu caminhei descalço pela orla, molhei os pés no mar gelado da Barra e suei com o sol que ainda nem tinha nascido. É uma memória minha, de conversas minhas, de pessoas tão minhas que podem até terem sido paridas do meu próprio ventre, ou da minha própria imaginação, mas são meus. Meu sentimento, minha emoção, minha devoção e meu apresso são como o Rio dos meus relatos: às vezes é melhor guardar, às vezes é melhor mostrar.

Aí vem o Cicero me dizer o seguinte: “Ai, se você soubesse o quanto machuca, não amaria mais ninguém!” Vou descordar? Eu conheci a dor, sei o quanto dói, mas também sei das glórias e da alegria que dá. Dá um trabalhão viver comigo, e mais trabalho ainda viver em mim. Trincar a clavícula também dói, e eu suportei. Ser perfurado dez vezes nas mãos com seringas de agulhas grossas também dói, e eu suportei. A dor de cabeça da meningite pode deixar um homem maluco, mas eu suportei. Ser tricotomizado no queixo aberto dói que só a porra, mas eu suportei. E se não formos falar de dores físicas, sei da dor da rejeição e suporto bem. Sei da dor da falta de reconhecimento, da injustiça, do desespero e da descrença no futuro, mas eu suportei tudo isso. Sei das dores de amar sem ser amado, de não retribuir amores complexos e de perder amores que não se repetem, mas também sobrevivi. O Cícero sabe das coisas, mas não é nesse ritmo que a banda está tocando agora.

Gosto mais da parte leve de todas as coisas. Gosto mais do dançar deslocado, da piada sem graça, da bebida sem gás, das risadas sem motivo. É disso que eu falo quando falo sobre o lado bom da vida. É dessa vida que sentimos falta quando pensamos que sentimos falta de alguém. O importante para mim é estar presente, é ser referência de segurança, de conforto, de cumplicidade. O rótulo, o nome, o resto, o centro, isso foda-se. Cansado de amar com o amor dos outros, resolvi criar o meu próprio e, mesmo que meio confusas, mesmo que inconstantes e mutantes, minhas paixões não poderiam ser mais intensas do que são. Se fosse no mar, eu estaria de cabeça, correndo riscos, pulando pertinho das pedras, curtindo o medo, respirando o vento que passa rápido para no final, mesmosem ter certeza, me sentir confortável por cair em águas, não em rochas. Nunca sabemos se é água ou pedra, mas devemos pular mesmo assim, sempre, sem medir. Sem pressa, mas sem covardia.

O máximo que posso oferecer, acima de qualquer sentimento já batizado com nome, valor e vigência, é a minha calma interna, meu refúgio. Posso oferecer o que ninguém quer dar, que é a paz de espírito. Não existe grilo, nem grelo, nem gelo, nem elo que me faça desistir de viver em paz. A pacificidade dos dias não é solidão, nem monogamia, nem poligamia, nem companhia, nem amor, nem sexo, nem paixão, nem mentira, nem traição, nem saudade, nem afeto, nem alegria, nem felicidade, nem ódio, nem rancor, nem fé, nem descrença, nem ceticismo, nem mágica, nem magia, nem música. Estar em paz é, simplesmente, estar dentro de si mesmo, em conjunto com todas as outras coisas, mas sem perder sua própria essência, nem escondê-la do resto do mundo.

Li em uma revista feminina que o importante não é a fidelidade, nem mesmo a exclusividade. O importante é sentir-se desejado, sentir-se amado, sentir-se importante. Enquanto sente-se isso o resto é perfumaria. Nos apegamos em preceitos sociais para justificar carência, justificar falta de atenção, justificar infelicidade. Vem ver o pôr-do-sol comigo, vem ficar em silêncio do meu lado, só me olhar, só me ouvir perguntar “o que você está pensando” e ter a certeza de que a melhor resposta para me dar é “não estou pensando em nada”, só para deixar tudo em paz. Enquanto houver o que fazer, o que falar, aonde ir e o que viver, estaremos vivos, nessa ilha minúscula chamada mundo. Quem é que domina o tamanho das coisas, se não a própria vida? Não existe tamanho de amor, nem tamanho de cidade, nem tamanho de gente, nem tamanho de medo. É tudo subjetivo.

A vida é como um monstro que não pode ser derrotado, que entra em campo já vencedor. É nela que a gente tem que se segurar. É ela que nós devemos enriquecer, e não nossos bolsos. A vaidade de ter uma vida boa nada mais é do que querer ter um campeão dentro de casa, ter uma máquina que não quebra, um lutador que não cai, um carro que não para, um filho que não mente, uma renda que não finda, um amor que não morre. Eu estarei sempre errado até que provem o contrário, eu estarei sempre amaldiçoado até que me encontrem a cura, mas isso não me impede de contrariar o óbvio, viver do avesso, contar os números de trás para frente, ser otimista ou ser a antimatéria. Nós somos a antimatéria das nossas próprias vidas, fazendo fusões mortais e apagando tudo o que fomos, o que somos e o que seremos. Juntar-se a alguém é explodir, virar energia, se transformar e nascer de outra coisa, com outras cores e formas. Para isso é preciso muita coragem, calma e paz, mas são coisas que a gente tem de sobra. Não é?

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Eu quero te ouvir

Eu quero te ouvir falar. Hoje eu acordei pra ser todo ouvidos, todo tímpanos, todo orelhas, todo microfones. Quero saber o que foi que a tua cachorra aprontou, pra onde a sua vó foi, o que que a tua mãe disse, o que foi que o porteiro fez. Quero saber como anda o conserto do carro, como é que anda teu plano de emagrecer, como está o trabalho, os negócios, a conta bancária, os planos pro feriado, o programa de hoje à noite ou o de amanhã de manhã.

Eu tô bem afim de te ouvir começar a contar uma história que junta com a outra, e depois outra, depois de fazer referência à primeira, começa a terceira e vira um nó de lembrançass, tipo um cordão de cama de gato guardado no bolso, só que feito de letrinhas, timbres, risadas e emoções, não de lã. Vai costurando os assuntos todos aí, pode falar na ordem que quiser, eu tô querendo ouvir, tô escutando, juro!

Me conta as coisas que você anda estudando. Esse teu vício em física quântica, essas coisas de campos mórficos, de relatividades, de impressões de coisas que acontecem ou não acontecem. Quero saber o que é que você tá pensando, agora, daqui a pouco e mais pra frente. Me conta qualquer coisa, pode ir falando, não tem problema. Me fala o que você quer comer, onde é que foi ontem, como é que você vai vestida na festa do fim do mês.

Fala das coisas banais, tipo sobre a Gina, que tá doida pra cortar o teu cabelo com uma franjinha de lado. Ou fala da Patricia, que arranjou um esmalte novo que você só não passou porque queria muito fazer francesinhas. Fala da Ivani, que te deu bronca porque você está tomando sol demais, ou da Lucia, puta da vida porque a Jamimi fodeu com a tua sobrancelha. Me conta qualquer coisa!

Apaga a luz e conversa comigo daquele jeito estranho que as ideias começam a não encaixar. Fala com a voz mole, quase sussurrando, que não, não tá com sono, não tá dormindo, não quer que eu vá embora. Força umas ideias quaisquer, pergunta se meu braço tá doendo, se você tá me machucando e tenta continuar falando. Fala do calor, do frio, reclama que eu to puxando a coberta pro meu lado, pede pra eu ir mais pra lá, mas fala.

Quero ouvir até a sua voz ficar rouca, até você reclamar que não sabe o que vestir, até dizer que já está quase pronta. Conversa comigo aos berros enquanto seca o cabelo, ou canta daquele jeito sem acertar nenhuma nota, nenhuma afinação, estragando canções de timbres perfeitos, só pra me fazer rir. Hoje eu acordei pra te ouvir falar. Logo eu que não consigo fechar a boca, que tenho sempre mil coisas pra contar, decidi ficar quieto esperando as suas palavras. Você pode falar para sempre, começando por hoje!

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